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Portal Movente • set. 01, 2020

Dúvidas sobre saúde mental?

PERGUNTE AO MOVENTE

Como saber se tenho ansiedade? Ansiedade normal ou patológica?

Se você chegou até aqui, com certeza deve estar se perguntando neste exato momento: “como saber se tenho ansiedade?” ou ainda “está é uma ansiedade normal ou patológica?”. Pois bem. Nós, do Movente, te damos a resposta que você tanto busca. 



Leia o artigo agora mesmo e descubra! 


Para começar, afinal, o que é ansiedade?


A gente bem sabe que ansiedade é uma sensação comum a todos nós e, mais que isso, necessária. 


Sim! E ela que nos prepara para enfrentar desafios e “liga a chave” da atenção no cérebro, ajudando a gente a decidir se vamos “lutar ou fugir”. 


Sabemos também que o que chamamos de ansiedade é um misto de sensações como nervosismo, medo, apreensão e até mesmo pânico.


Podemos pensar que a ansiedade se torna um problema quando ela é desencadeada de forma rotineira e repetitiva, ou seja, apresenta-se de forma persistente e com prejuízo funcional social, acadêmico, profissional ou em outras áreas importantes da nossa vida. 


E é aí que a sua pergunta marca presença: como saber se tenho ansiedade? Como descobrir a diferença entre uma ansiedade normal e patológica?


Primeiro, eu quero te trazer uma pergunta para começarmos essa reflexão juntinhos. Me diz: quais critérios você usaria para diferenciar essa fronteira? 


Não é tão fácil delimitar e diferenciar o que é dito normal e o que é patológico quando falamos de sentimentos, certo? Errado?


Vemos que quando nos deparamos com estados de saúde, comportamentos e alterações fisiológicas muito diferentes do esperado fica fácil pensar que algo não está normal.


Só que, na prática, as coisas não funcionam bem assim, mente pensante. 


Nos deparamos o tempo todo com situações limítrofes, imprecisas, que nos tiram do eixo, nos fazem perder o sono — este é um desses momentos para muitas pessoas, né?


Não, não precisa ficar ansioso ou ansiosa… eu vou te ajudar a entender isso melhor! Vamos a 7 pontos para pensarmos e, ao final — já dando spoiler — te retornarei com uma perguntinha, ok?



1) Normalidade como ausência de doença.

Considerando este viés, levamos em conta a ideia de “ausência de sintomas, sinais ou de doenças” como sinônimo de saúde. Olha só, este critério define o que é normal não por aquilo que “supostamente é” mas pela sua negatividade, ou seja, pelo que “não é”. 


Bem, tenha certeza de uma coisa: se não houver ansiedade, não há vida. Sim! É ela que nos move na vida, para a luta, para a fuga, para pensar, para trabalhar e para amar. Lembra do frio na barriga? Aquelas borboletas no estômago? É ansiedade também!


2) Normalidade ideal.

Neste momento, estabelece-se, de forma arbitrária, uma norma ideal. Ou seja, para aquela sociedade, em seu tempo, o que seria uma pessoa “sadia” ou “evoluída”. 


Fica claro, neste critério, que o alvo é a norma, o que a sociedade entende e acredita que é normal. 


Neste conceito de normal, seria a sociedade atual quem ditaria se a sua ansiedade é benéfica ou prejudicial. Ou seja, você poderia ser uma pessoa considerada com ansiedade normal no Brasil e ansiedade patológica no Japão, por exemplo.


Meio louco, né? Mas pode acontecer! 


3) Normalidade estatística.

Aqui, o normal é aquilo que se observa com mais frequência. A definição se dá por dados estatísticos, pela quantidade de pessoas que sentem ou se comportam daquela forma. 


E aqueles que sentirem de forma diferente da maioria das pessoas, passa a ser considerado “fora da curva”, “fora do normal”. Mas, pensa comigo: têm muitas coisas que são muito frequentes e estão longe de serem consideradas saudáveis, né?


Por exemplo: você sabia que muitos pacientes com transtornos ansiosos apresentam insônia inicial, ou seja, têm dificuldade de iniciar o sono? E que também fazem maior uso de tabaco? Sendo assim, por este critério, o indivíduo que tem insônia, fuma e possui algum transtorno ansioso poderia estar “dentro da curva”. Mas a sensação de ansiedade e o hábito de fumar mais cigarros é “saudável”, “normal”? Complicado, concorda?  


4) Normalidade como bem-estar.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu a saúde como o completo bem-estar físico, mental e social e não somente como ausência de doença. Mas vamos lá: O que significa “bem estar”? 


Neste ponto eu fico imaginando quem é essa pessoa: completo bem-estar físico, mental e social? Vai tudo muito bem? Tudo perfeito? Sem problema na vida? A vida que eu conheço não bem assim. 


E, mais uma vez, a ansiedade é o nosso combustível! Se não tivéssemos um mínimo de ansiedade e desconforto diante da vida, não desejaríamos nada dela.


5) Normalidade funcional.

Neste critério o negócio é o seguinte: quem consegue fazer as coisas na vida, quem consegue ser “funcional” é considerado normal. Neste critério o patológico seria quando a ansiedade produz sofrimento, é disfuncional, tanto para a pessoa como para o seu grupo social.


Aqui cito o exemplo de alguns pacientes que necessitam da ansiedade para produzir, pensar, movimentar e vencer desafios. 


Mais uma vez, a ansiedade é o combustível. “Quando não tenho ansiedade fico muito calma, pareço uma lesma, não respondo a nada, não gosto de ficar assim”. Olha as confissões de consultório (se você quiser ver um post com algumas histórias marcantes de consultório, comente com a hashtag #EuQuero).


6) Normalidade subjetiva.

Aqui, o que vale é a minha percepção sobre meu próprio estado de saúde. 


Vamos lá: é importante levar em consideração a nossa própria percepção sobre nosso corpo e nossas sensações, mas o que fazer, por exemplo, com pessoas completamente paralisadas com a ansiedade? 


Aqueles pessoas que se tornam fóbicas, que não saem de dentro do próprio quarto? Seria um equívoco deixar na mão delAs decidir sobre o normal ou o patológico. Ou não?


7) Normalidade como liberdade.

Este critério demanda um olhar atento. Alguns autores entendem que a saúde normal estaria vinculada a possibilidade de “transitar com graus de liberdade sobre o mundo e seu próprio destino” enquanto as patologias na saúde mental seriam por conta da “perda da liberdade existencial”. 


Por este critério você é livre para ter a sua ansiedade e, se isto não lhe causar um mal e não prejudicar as pessoas ao seu redor (sociedade), então tá tudo normal.


E então, respondi ao que você se questionava: como saber se tenho ansiedade? 


Veja bem, estas são apenas algumas maneiras de se definir a normalidade, todas com sua parcela de verdade, todas sujeitas a críticas por suas imperfeições. 


Agora, como eu bem dei spoiler, é você quem me diz: sua ansiedade é normal ou patológica?


Vamos conversar sobre o assunto. Aquele abraço! 


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