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Portal Movente • jul. 24, 2021

Dúvidas sobre saúde mental?

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Comunidade LGBTQIA+: uma conversa sobre saúde mental

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A Comunidade LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo, Assexuais), tem, no mês de Junho, um marco pela luta incessante por direitos igualitários. 


E é uma luta contínua e um tanto quanto árdua, conforme a história, vivências e os números, infelizmente, nos mostram. 

Por isso, precisamos compreender e conversar sobre a saúde mental das pessoas que fazem parte dessa comunidade. Vem com a gente, mente pensante!


Mais que um montante de letras ou que uma sigla, esse é um movimento social, político (e muito mais) que traz à tona a inclusão, a igualdade, equidade e absoluto respeito aos direitos que os membros da comunidade têm por direito (muitas das vezes, não dados, preteridos).


E quando falamos em direitos, devemos nos lembrar que em inúmeros países o casamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, ainda não é aceito. Há ainda aquelas nações em que, há poucos anos, ser LGBTQIA+ era sinônimo de crime. 


E isso ainda é uma realidade.


Sem sombra nenhuma de dúvidas, todos esses fatos (e muitos outros), impactam na saúde física, saúde mental e emocional dessas pessoas. E essas repercussões podem durar uma vida inteira.


Para contextualizarmos esse nosso papo, vamos olhar para alguns números ligados à Comunidade LGBTQIA+ em nosso país:

  • Uma pessoa LGBTQIA+ é agredida no Brasil a cada hora, de acordo com dados do Sistema Único de Saúde, o SUS, publicados na CartaCapital;
  • Neste montante, metade dos registros de violência contra a comunidade acontece com pessoas negras (precisamos conversar sobre racismo também);
  • No caso dos adolescentes de 10 a 14 anos que são LGBTQIA+, 57% dos agredidos são pardos ou pretos;
  • De acordo da ANTRA, a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais, o Brasil é um dos países no ranking de homicídios contra travestis e transsexuais no mundo.


Infelizmente, o Brasil ainda é uma nação perigosa, traumatizante, inclusive, "claustrofóbica" para pessoas LGBTQIA+. São milhares de pessoas perdendo a vida por crimes de homofobia, lesbofobia, bifobia, transfobia e muito mais.


Há ainda o surgimento de reações de cunho religioso e até mesmo a tentativa de “cura gay”, como se fosse necessário curar a existência ou manifestação de um gênero, sexualidade ou a ausência e/ou mescla deles.


Por si só, estes são fatos aterrorizadores. Afinal, como essas pessoas podem não se sentirem inseguras? Como saber se você estará, nos próximos minutos, com vida? E todo trauma para se expressar, se assumir e ser exatamente quem se é?


Alguns estudos já mostraram que o estresse sofrido pelas pessoas que pertencem à comunidade se assemelham àquele vivido pelas pessoas que já estiveram em um campo de batalha. Sim, pessoas que já viveram, presenciaram uma guerra.


Sim, ser LGBTQIA+ no Brasil também pode ser uma analogia de viver e estar em guerra, de certa maneira.


A Comunidade, neste sentido, claramente está mais exposta a traumas e distúrbios mentais e emocionais, como a ansiedade, depressão e muitas outras.


Um de nossos escritores aqui no Portal Movente, Carlúcio Vieira, nos contou um pouco de suas emoções em relação a vivências e experiências como um homem negro e gay.


“Já passei, de verdade, por tudo. Sendo um homem gordo, preto (ainda que de pele clara), de origem humilde e gay, com trejeitos desde a mais tenra infância, já ouvi de tudo e vivi as mais variadas faces do preconceito. No final das contas, infelizmente, você cresce pensando que deve ter medo de quem se é, que deve se esconder, que não se pode ser, escolher, lidar e tocar a vida sendo quem se é. Você passa a não acreditar em si. Você se sente menos. Pelo menos, foi o que senti na pele por anos. E haja conversa, haja reflexão, entendimento, busca, haja apoio de outras pessoas e de si mesmo. Anos depois, sigo de cabeça erguida, entendendo meu valor, o que sou e como me expresso. Já foram longos passos até aqui e, daqui em diante, cada vez mais firmes. Sou o que sou e isso é fantástico.”  


Esse é o nosso ponto aqui: entre as mais variadas expressões emocionais diante daquilo que essas pessoas passaram, sempre há uma saída, uma luz no final do túnel, uma superação a vir. 


Por isso, precisamos e vamos sempre dialogar sobre isso, sem tabus, sem amarras, sem julgamentos (afinal, não há o que julgar).


E você, que é ou não da Comunidade, mas conhece alguém que pode estar passando por um distúrbio emocional, vale a pena ficar de olho em alguns sinais. Afinal, não se trata apenas de levantar bandeiras. Todo apoio é bem-vindo e necessário. 


Vale checar: 


  • Essa pessoa se sente bem? Motivada? Demonstra felicidade, contentamento? Você nota traços de um humor triste, um vazio contínuo?
  • Essa pessoa tem apresentado comportamentos distintos? Você nota que ela demonstra luto? Irritabilidade? Alterações de humor?
  • Já percebeu se essa pessoa vive com sentimentos de culpa ou de que não é merecedora?
  • Há fadiga ininterrupta? Existem hobbies, atividades que trazem prazer para a vida dela?
  • Essa pessoa dorme bem? Tem insônia ou quer passar o dia todo dormindo? Você percebe que ela não tem se alimentado de maneira “comum”?


Todos esses podem ser sinais de que algo não está nos eixos. Ansiedade, por exemplo, está muito ligada aos elementos insônia e irritabilidade. 

Por outro lado, a depressão traz fadiga, a sensação de culpa e a busca por passar o dia todo dormindo, sem prazer aparente pela vida ou por qualquer atividade que possa gerar prazer ou contentamento.


Como dissemos, o Brasil é um país em que as pessoas LGBTQIA+ vivem à mercê de inúmeros fatores sociais, políticos e até mesmo morais que as resguardam ao papel de cidadãos expostos ao medo, violência, políticas públicas insuficientes e direitos negados.


Enquanto seres humanos e mentes pensantes, é nosso papel dar apoio, lutar e propagar que essa busca por igualdade e equidade deve se dar em todos os âmbitos da existência dessas pessoas, incluindo aqueles direitos e deveres garantidos a todos e todas. 

Principalmente, o direito de ir e vir. O direito de existir, de viver e se expressar como bem entender.


Essa luta é de todos e todas, não só em junho. Todos os dias. Vamos?


E você, faz parte da Comunidade LGBTQIA+? Convive ou já conviveu com algum distúrbio ou desordem mental? 

Abra seu coração, conte-nos um pouco mais da sua história. Estamos aqui para te ajudar, mente pensante. Lembre-se: sempre há uma luz ao final do túnel.


Um abraço carinhoso,


Portal Movente.





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