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Tarcisio Corrêa • mai. 13, 2022

Dúvidas sobre saúde mental?

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Cannabis e saúde mental: uma aliada no tratamento da mente?

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Os termos cannabis e saúde mental podem andar juntos. Ao pensarmos no quanto nossa medicina moderna evoluiu, é possível nos depararmos com uma torrente enorme de novidades acerca de alternativas e produtos que nos auxiliam numa jornada para uma saúde completa.


Diante desta afirmação, podemos destacar, por exemplo, a ressignificação das substâncias derivadas da cannabis, planta popularmente conhecida como maconha.


A maconha medicinal tem se mostrado uma grande aliada no alívio de alguns sintomas derivados de certas condições da saúde mental.


Embora todos estes avanços sejam comprovados por inúmeros estudos e pesquisas encabeçadas por profissionais qualificados da área da saúde, constantemente nos deparamos com o preconceito e estigma acerca desta planta e seus derivados, mente pensante.


Afinal, estamos falando de décadas de discriminação e marginalização enraizadas no senso comum da população mundial.


É impossível falar sobre a cannabis sem nos aprofundarmos em sua história, considerando todos os aspectos raciais, xenofóbicos e de classe que fizeram com que sua imagem fosse pintada da maneira como conhecemos atualmente.


Por isso, hoje pensamos numa construção um pouco diferente da nossa conversa.


Nós, aqui do Movente, separamos um compilado de informações e fatos históricos para te auxiliar no caminho para a desconstrução de quaisquer preconceitos acerca do uso medicinal da cannabis.

Vamos lá?


Cannabis: uma história sobre preconceito, xenofobia e discriminação de classe


Antes de iniciarmos de fato nossa discussão acerca da história de preconceito com a maconha, precisamos primeiro estabelecer o seguinte: os Estados Unidos foram, e ainda são, um dos maiores exportadores de cultura e opinião em massa ao redor do mundo.


Sendo assim, torna-se mais fácil de entender como nossos vizinhos da América do Norte podem ser responsabilizados pela forma como nós enxergamos e falamos sobre o assunto.


Se hoje, apesar de toda informação que temos acesso, ainda nos vemos influenciados pelos EUA, imagine no século 19, quando eles eram vistos como um exemplo a ser seguido, uma grande potência que “deu certo”.


Os proibicionistas estadunidenses desta época criaram uma série de ambientes e situações que tornaram a criminalização e o estigma mais propícios, visto que estamos falando de uma era onde o conservadorismo e o preconceito racial eram o foco da sociedade.


Podemos destacar aqui, por exemplo, a adoção do termo “marijuana” para identificar a maconha, uma abordagem diretamente ligada à xenofobia e exclusão de povos latinos e de tons mais escuros de pele.


Ao mudar a maneira como a população fala sobre a planta, imigrantes com traços distantes dos padrões europeus se tornaram alvo de uma torrente de segregações, se tornando criminosos aos olhos dos conservadores e separatistas de raça e classe.


Nota-se um aumento deste sentimento anti-imigrante entre 1910 e 1920, época onde dezenas de milhares de famílias mexicanas migraram para os EUA após a Guerra Civil Mexicana.


Campanhas do Serviço de Narcóticos dos EUA, encabeçadas pelo então Comissário Harry Anslinger datadas dessa época, criavam narrativas racistas como, por exemplo, “aqueles que fumam maconha são indivíduos pertencentes a uma raça inferior”.


Aproveitando uma onda de conservadorismo e possivelmente narrativas homofóbicas, algumas campanhas apontavam também que os usuários de produtos derivados da cannabis “possuem maior probabilidade de se envolver com atos de promiscuidade sexual”, assim como são “mais propensos a cometer crimes”, além de serem “indivíduos violentos”.


Outro exemplo gritante que aponta a criminalização e marginalização do uso recreativo da maconha é um filme-propaganda produzido por conservadores estadunidenses, chamado Reefer Madness.


O filme sensacionalista foi lançado em 1936 e possui como enredo um grupo de adolescentes que fumam maconha pela primeira vez, ato que leva a uma série de eventos horríveis que envolvem alucinações, tentativas de estupro e assassinato.


Um retrato gritante da desinformação e discriminação que rondava a mente da população da época. Uma propaganda que era utilizada em escolas e ensinavam para as crianças preconceitos acerca da substância.


Todos estes exemplos citados acima são tidos atualmente como precursores do estigma sofrido pela maconha, além de serem exemplos inegáveis da narrativa racista que liga pessoas pretas e pardas aos possíveis efeitos colaterais produzidos pela cannabis.


Um pouco mais sobre cannabis e saúde mental: THC vs CBD… quais as principais diferenças?


A cannabis possui mais de 400 componentes químicos diferentes, estes são conhecidos como canabinoides. O canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) são apenas dois deles.


Como citamos anteriormente, com a evolução da medicina, tornou-se possível um estudo mais aprofundado nas propriedades derivadas desta planta, aumentando o interesse e a procura pelas propriedades e efeitos benéficos do seu uso medicinal, ainda mais quando falamos em cannabis e saúde mental.


Apesar da busca pelos produtos derivados da cannabis ter aumentado exponencialmente, muitas pessoas ainda não entendem as diferenças entre os dois componentes.


Pensando nisso, listaremos a seguir os resultados de nossas pesquisas.


Quando tratamos de CBD, estamos falando do segundo componente mais encontrado na cannabis. Esta substância foi descoberta em meados de da década de 40, e atualmente tem se tornado popular como um tratamento natural para um vasto leque de condições.


O canabidiol pode ser derivado tanto do cânhamo quanto da maconha, duas subespécies diferentes e geneticamente distintas.


O CBD derivado do cânhamo contém baixos ou quase nulos traços de THC, enquanto o derivado da maconha possa vir a conter maiores quantidades.


Sua forma de administração mais recorrente é pela utilização do óleo sublingual, mas também pode ser ministrado na alimentação do paciente.


Por sua vez, o THC é o psicoativo principal da cannabis. Esta substância é responsável por ativar o sistema de “recompensa” do cérebro, influenciando na liberação da dopamina, um neurotransmissor que possui papel importante no controle do humor e do prazer.


O THC é responsável por ativar uma liberação acima do normal dos níveis de dopamina pelo cérebro, o que pode fazer com que algumas pessoas vivenciem episódios de euforia.


Para que o THC seja liberado, o paciente geralmente fuma a maconha, mas ele também pode ingerir a substância através de cápsulas, inalação ou guloseimas que utilizam a maconha como ingrediente.


Existem casos ainda onde o paciente recebe sua dose através de óleos ou até mesmo de maneira intravenosa.


De maneira simples e direta podemos colocar da seguinte maneira:


·        Canabidiol ou CBD: Não é psicoativo, ou seja, não produz momentos de euforia e mudanças da realidade. Geralmente é retirado do cânhamo, mas isso não é uma regra.


·        Tetrahidrocanabinol ou THC: Possui propriedades psicoativas, ou seja, pode influenciar e criar oportunidades de momentos de euforia e alucinações. É exclusivamente retirado da maconha.


Considerações sobre cannabis, saúde mental e seus derivados


Esperamos que com nosso conteúdo você seja capaz de entender que a planta em si não representa verdadeiramente toda a marginalização e estigma que sofre.


Nós aqui do Movente sempre reforçamos em nosso conteúdo a desconstrução do preconceito sobre os mais variados assuntos que possuem efeitos diretos ou indiretos em nossa saúde da psique.


Vale lembrar que quaisquer dúvidas que você venha a ter, um especialista da área da saúde mental deve ser consultado, a fim de esclarecer e tornar pleno o seu caminho para o conhecimento e uma saúde mental em dia.


Caso tenha dúvidas sobre a viabilidade do consumo de cannabis em seu tratamento, não hesite em pedir mais informações para seu médico/médica, afinal, a gente sabe que o consultório é um ambiente seguro e livre de preconceitos.


Interessou-se sobre o assunto? Então temos uma ótima notícia para você!


Este é apenas o primeiro de uma série de textos acerca da maconha medicinal, assim como o tratamento de condições da saúde mental com o uso da cannabis.


Compartilhe nosso conteúdo com mais pessoas e fique sempre de olho aqui no Movente em nossas próximas atualizações. Queremos te ver bem, mente pensante!



Aquele abraço e até a próxima!

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